terça-feira, 14 de outubro de 2014

Regra do Brasil força as companhias aéreas a transportar bagagem extra sem custo adicional

Em viagem de Orlando a São Paulo pela United Airlines, no mês passado, uma família de 3 pessoas levava, cada um deles, duas malas com mais de 30 quilos cada, sem nenhum custo adicional.



Se tivessem comprado a passagem com origem de quase qualquer outro lugar além do Brasil, eles teriam tido que pagar um sobrepeso de pelo menos 9 quilos em cada mala e até US$ 100 dólares pela segunda peça despachada.

Mas as regras de proteção ao consumidor do Brasil transformam o país em um dos lugares mais amigáveis para os passageiros, o que força as companhias aéreas a transportar bagagem extra sem custo adicional, a colocar viajantes esquecidos nos aviões das concorrentes e a enfrentar processos judiciais por atrasos de apenas 30 minutos.

Como resultado, a GOL Linhas Aéreas Inteligentes, a American Airlines Group e outras companhias não conseguem compensar essas despesas com receitas adicionais provenientes de tarifas que sustentam os lucros nos EUA e na Europa.

As companhias aéreas vêm exercendo pressão sobre o governo há anos para restringir os limites de peso das bagagens, porque aviões mais pesados queimam mais combustível.

É uma forma de fazer negócio sobre a qual é preciso estar consciente, disse David Neeleman, fundador e CEO da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, no dia 11 de setembro, em entrevista para a Bloomberg. Trata-se simplesmente de um lugar muito amigável ao consumidor, do qual as pessoas esperam muito e onde o governo perpetua essa situação.

Malas pequenas


Em outros lugares do mundo as companhias aéreas estão se tornando ainda mais rigorosas em relação à bagagem, tanto de mão quanto àquelas que viajam no compartimento de carga.

A Air Canada e a WestJet Airlines anunciaram no mês passado que cobrariam 25 dólares canadenses (US$ 22) pela primeira mala despachada nos EUA em passagens econômicas domésticas.

A American Airlines, que tem sede em Fort Worth, Texas, permite aos passageiros em voo para a Europa uma mala despachada de 22,5 quilos grátis e cobra US$ 100 por uma segunda mala do mesmo tamanho. Para alguns destinos mexicanos, a primeira mala despachada custa US$ 25 e a segunda, US$ 40.

As companhias aéreas de baixo custo da Europa são reconhecidamente restritivas em relação à franquia de bagagem. Na Ryanair, os passageiros não podem levar a bordo nenhuma mala que pesar mais de 10 quilos. Além disso, despachar uma mala de 15 quilos custa US$ 20, segundo o site da Ryanair.

Serviço grátis


As regulações do Brasil implicam que forçar as companhias aéreas a fornecer um serviço gratuito não é algo eficiente do ponto de vista econômico porque de alguma forma, em algum lugar, o cliente pagará por isso. Consequentemente, os preços das passagens são mais altos.

As autoridades são irredutíveis porque elas pensam que isso é uma vitória para o consumidor.

A agência reguladora da aviação no Brasil, conhecida como Anac, informou que está em meio a um processo de revisão das restrições de bagagens no país. As propostas incluem tarifas mais baixas para passageiros com menos bagagens e estão abertas a audiência pública há cerca de um ano e meio e agora estão sendo analisadas pela Anac.

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