segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Será que a Mitsubishi está dando um passo grande demais?

Na época do lançamento do MRJ, tudo fazia sentido. A economia do extremo Oriente estava bem e havia um gap para um jato comercial de médio porte abaixo de 100 assentos. O grande diferencial da Mitsubishi seria uma redução de 20% do consumo de combustível, graças a seus motores Pratt & Whitney de nova geração. O MRJ estava programado para começar a voar em 2014, mas seu desenvolvimento não aconteceu de acordo com o planejamento da Mitsubishi.

A empresa está investindo 1.9 bilhões de dólares no desenvolvimento do jato avaliado em 42 milhões. Para recuperar seu investimento, a Mitsubishi estima vender 2,000 unidades para ser bem sucedida.
O jato pode ter tido sua chance de ter um bom lançamento, mas atrasos causados por problemas de projeto e desenvolvimento causaram um atraso de pelo menos 3 anos. Este atraso permitiu que a concorrência como a Embraer, alcançasse a Mitsubishi. O Mitsubishi MRJ agora tem agendada a primeira entrega para 2017, ou seja, a Embraer com seus E-Jets E2 está há apenas 1 ano atrás.

Com os atrasos, a Mitsubishi fez com que a vantagem que tinha de ser a primeira se diluísse e agora depende muito de um bom desempenho na operação dos primeiros clientes. 
Atualmente, há 191 pedidos para o MRJ, vindo de companhias como Japan Airlines, Trans States e SkyWest. A Embraer tem pedidos firmes para mais de 200 E-Jets E2 e com as opções e intenções de compras este número se aproxima de 1,000.
É uma longa jornada até atingir as 2,000 unidades necessárias à Mitsubishi. Nos próximos 20 anos, as estimativas da empresa indicam um mercado de 5,000 aviões de médio porte, dos quais ela pretende conquistar 50% de market share.

Estudos de consultorias como a Ascend, são menos otimistas e indicam que o mercado deve absorver cerca de 4,000 aviões e apontam a Mitsubishi com 20% do mercado, totalizando 800 unidades, muito abaixo das 2,000 necessárias.
As chances estão contra a Mitsubishi. No entanto, a empresa tem sólida reputação no suprimento de partes de aviões comerciais. Atualmente, a Mitsubishi tem uma parceria com a Boeing para produzir partes dos Boeings 777 e 787. A empresa fornece 35% das peças em fibra de carbono para o 787.
Parceiros do 787

Comparativamente, o projeto do jato regional tem menor importância e seu insucesso traz menores consequências à empresa. O futuro guarda muitos desafios à Mitsubishi e seu jato regional.

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